Já andava para me iniciar nas actividades SOTA há mais de um ano! Mas 52 fins de semana por ano não chegam para nada… O meu desejo de activar um cume foi sendo contrariado semana após semana, ora devido a compromissos pessoais, ora porque a meteorologia não ajudava, ora porque o meu equipamento estava investido noutras experiências…

Hoje é o Dia Nacional do SOTA! Hoje, o SOTA Portugal mostra ao mundo que celebra o seu quinto aniversário. Hoje tinha de activar um cume! Para isto, há mais de um mês, começaram os preparativos. Se houvesse oportunidade de activar um cume mais cedo, teria sido feito, mas a “maldição” não deixou.
O cume escolhido podia ter sido um que ficasse mais perto de casa, mas acabou por ser uma junção de útil com agradável. O Minho tem cinquenta pontos SOTA, um dos meus irmãos habita a cerca de dois quilómetros (a pé) de um deles. Nada como ir a casa dele para tratar de uns assuntos técnicos e aproveitar a deslocação inter-regional para activar o cume CT/MN-039, vulgo “Morreira”. Confesse-se que quinze dias antes já tinha ido ao sítio, explorar o caminho e conhecer as condições locais.

Com mais de uma hora de atraso em relação ao desejado, iniciou-se a subida de um percurso com declives entre os -1% e os +27%, até atingir o cume que fica a 479 metros acima no nível médio do mar. No entanto o ganho em altitude entre o ponto de partida (N101) e o ponto SOTA é de cerca de 175 metros. O trajecto com um comprimento de 1875 metros, sem paragens, foi feito em cerca de 35 minutos.
A mochila com o respectivo payload pesava quase 12 kg. A cana de pesca que serve de mastro para a antena serviu também de bengala (recolhida, mede cerca de 1,2 m) ; que muito jeito dá nos troços off-road do percurso.
“12kg?!”, perguntarão exclamados os “profissionais” do SOTA… Sim, para a primeira vez, todo o cuidado é pouco e não faltaram redundâncias em alguns materiais (porcas, parafusos, canetas, alicate, etc). O mais pesado é sem dúvida a bateria; uma bateria de 12V/12Ah. Sim, é grande, é muito grande! Mas é a que tinha à mão e com ela sei que aguentaria o meu FT-897D a trabalhar durante toda a activação e mais algum tempo. Os cabos eléctricos, bem como o coaxial, são demasiado compridos e também abusei no comprimento das cordas que levei para segurar o mastro (que desta vez nem fez falta espiar). São pontos de tenho de melhorar.


A estação demorou cerca de 10 minutos a ser montada e a ficar operacional. O local oferece inúmeras possibilidades para montar todo o tipo de antenas. A antena usada é um dipolo de meia onda para a banda dos 40 metros, em V-invertido, equipada com balun 1:1, e ligada directamente ao rádio através de cabo RG-58. Aqui também se pode poupar algumas gramas de payload, ao substituir o RG-58 por RG-174, por exemplo.

11:00 (Hora local), a estação está 100% operacional, inicia-se a procura de uma frequência livre. A frequência usada foi 7.1865 MHz em LSB.
“CQ CQ CQ SOTA, CT7AFR/P ACTIVANDO O PONTO CT/MN-039. CQ CQ CQ SOTA…”
Às 11:07 (HL) foi feito o primeiro QSO com o colega CT1DYH/P que estava do seu lado a activar o ponto SOTA CT/ES-005 (Monte do Alqueidão). Desta forma, o meu primeiro QSO em SOTA acabou por ser um S2S (SOTA to SOTA)! A este S2S juntaram-se mais dois: um no Monte Manique e outro, mais próximo da minha posição, no Monte de Arouca. E a estes ainda consegui juntar mais dois contactos com estações fixas.

Infelizmente, apesar de estar prevista a activação também na banda dos 20 metros, a meteorologia estava a piorar gradualmente. Para não colocar o meu equipamento em risco, optei por terminar a activação. Felizmente, para efeitos de validação da activação no sistema de Log SOTA, superei a quantidade mínima de QSOs exigidos. Na banda dos 2 metros (FM), apesar de ter chamado nos repetidores que conseguia activar desde a minha posição com a antena original do meu FT-60E, não consegui encontrar ninguém que pudesse mudar de frequência para tentar uma ligação directa na mesma banda.
11:45 (HL), tudo desmontado e embalado, iniciou-se a descida que apesar de se prever mais fácil acabou por ser mais cansativa por passar o trajecto todo a “travar com o motor”, com a carga invulgar à costas e o piso escorregadio devido à mistura de areia com gravilha… A meteorologia foi piorando mas só a meio caminho entre Braga e Viana do Castelo é que vi o pára-brisas do meu carro a ficar molhado. Provavelmente podia ter ficado lá mais uma horinha…
Próximo SOTA será o CT/MN-0… Hummm deixa cá ver… 😉
73 de CT7AFR, Emmanuel.