O que pode correr mal num SOTA (I)

Num SOTA, muita coisa pode correr mal, muito mal até. Ontem (Domingo 22 de Maio), depois de um Sábado nojento que me boicotou o SOTA previsto, curiosamente o MN-036 que o Gomes (CT1HIX) activou 🙂 , ao ver o belo do céu azul resolvi não dar o fim de semana por perdido. Refiz o “plano de voo” para o dia com a família, e lá vou eu monte acima para SOTAr a Serra de Santa Luzia. A família iria lá ter com o “carro vassoura”…

Chegado ao marco geodésico, primeira observação/obstáculo: Nunca vi tantos cavalos garranos como nesse dia! Estavam onde eu queria estar. “Ah e tal, são mansinhos” Pois, mas a casa é deles e malucos há por todo o lado… Desviei-me uns metros.
Armado o dipolo, ligado o rádio, preparado o logbook, PIMBA!!!! Aí surge a falha! Qual estalo com luva de boxe, qual coice no rabo… Estava no ponto SOTA, mas afinal qual era a sua referência?! Ora bolas, já lá tinha estado a passear, já o tinha revisitado para reconhecimento, já tinha percorrido esta serra de um lado para o outro antes mesmo que existisse SOTA! Mas faltava o dado burocrático que faz toda a diferença. 🙁

Para resolver o assunto, lanço um SOS em todos os repetidores que conseguia activar daquela ponto: Serra d’Arga, Braga, Arrestal, Serra da Estrela até! De facto, ao domingo à tarde, os repetidores estão desertos. Horas depois de chegar a casa, fiquei a saber que ontem era dia de bola, de final de mais uma taça…
Então com GSM intermitente, lancei o SOS por SMS para outros sotistas. Aqui fico agradecido ao CT2HKN por me ter socorrido e aos outros que chegaram depois. Forte abraço Miguel.

Com a referência CT/MN-037 apontada no cabeçalho do Log, já perto das 19:00 iniciei a chamada. Chamei, chamei, chamei… nada! Tinha o dipolo com os lóbulos orientados Norte-Sul. Passados perto de 30 minutos a chamar, a ver a bateria a baixar para 11.5V em carga, a ficar desesperado, resolvi numa última tentativa rodar a antena cerca de 45 graus (SSE-NNO) a pensar no Portugal profundo que gosta dos 40 metros. Logo apareceu um pile-up que me permitiu facturar 13 QSOs até a bateria chegar ao limiar do ponto sem retorno (10.8V). Foram contactos desde cá até a Inglaterra, passando pela Espanha, França e Holanda. Estações portuguesas foram.. só uma.
Concluindo: Tive sorte! Correu bem graças aos amigos.

NOTAS FINAIS:
1) Quando a GSM não presta ou está intermitente, desactivar o 3G no telemóvel ajuda a tornar a ligação à rede mais estável.
2) A passagem do Rali de Portugal por aquelas bandas, deixou um rasto impressionante de lixo. Devo ter visto umas valentes toneladas de vidro em garrafas de cerveja. Sacos do lixo por todo o lado, fitas limitadoras do ACP e redes de plástico que devem ter servido de barreira para o público. Só costumo ver tanto lixo assim, nos momentos post-mortem de alguma queima das fitas ou festival de música. Aqui, por estar no meio da natureza, ver um cenário destes dá-me um misto de nojo e tristeza. Por ver espalhados pelo monte dezenas de casas de banho amovíveis (daquelas cabines de plástico), tenho a esperança que alguém passe por lá para recolher as mesmas e todo o entulho que por lá estava. Hei-de voltar brevemente à Serra para ver se ficou limpa… Só espero que não demorem.

Desculpem o lençol, o desabafo e a falta de imagens; só me lembrei de tirar fotos quando já estava tudo desmontado (a máquina subiu a Serra no carro vassoura).

73 de CT7AFR, Emmanuel.