O que pode correr mal num SOTA (VI)

Activando a Serra do Formigoso (CT/MN-038)
Activando a Serra do Formigoso (CT/MN-038)

Um gajo chama “CQ SOTA CQ SOTA CQ SOTA CT7AFR/P activating summit reference CT/MN-0nn…” E chama, e chama e continua a chamar. Tudo porque não tem cobertura telemóvel para se auto-spotar no sotawatch e porque ninguém atende os repetidores (esta parte assusta-me, a sério).

Dizia eu, um gajo chama, chama e chama até que lá responde o primeiro que muito amavelmente se prontifica a nos anunciar no cluster o que já é muito bom. Logo vem o segundo que sorte das sortes é caçador e logo nos reporta no sotawatch!

E depois vem o terceiro: um colega português, um indicativo novo para mim; é uma honra para mim juntar mais um “cromo” à colecção. Mas quem poderia adivinhar que o “cromo” além de não saber o que é SOTA (mas a isto ninguém é obrigado), não entendeu nenhuma das dicas que lhe ia passando subliminarmente a cada “over” para me deixar continuar a minha activação por todas as razões do mundo. Sei lá! A temperatura já ia nos 38ºC (eram cerca de 1030LT), estava a operar em portátil, longe do QTH, num ambiente moderadamente agressivo mas sobretudo temperamental…

Enfim, por muito que tentasse, que me despedisse com uns “OK colega, obrigado pelo contacto, 73 e até à próxima”, vinha sempre mais uma pergunta: Está com amplificador ou é só propagação? Que rádio está a usar? Que antena está a usar? Onde fica esse sítio ao certo? Ah e tal, blah blah blah, já estive aí perto com a família no dia tal e tal. Há aí um restaurante, blah blah blah…”
Bom, quem estava no pile-up desistiu, quem viu no cluster e foi espreitar a frequência deve ter pensado: “olha um QSO normalíssimo, o gajo do SOTA foi comido ou está noutra frequência”.

A dada altura, já depois de ter explicado o que é o SOTA, que estava “com pressa”, que queria facturar tantos contactos quanto possíveis sem estar com mordomias, que queria dar oportunidade a outros caçadores etc., pois o objectivo SOTA para mim (além do passeio) é ver onde chego com os meus meios e optimizar estes, seja rodando o dipolo (apesar de ser V-invertido), seja abrindo ou fechando um pouco as pernas do mesmo. Dizia eu, já depois da lição de SOTA e perante tanta falta de sensibilidade pela parte do OM, confesso cheguei a ponderar deixar “cair a linha” e ir chamar para outro lado…

Resumindo, foram 10 minutos stressantes. Prefiro ter um palhaço a assobiar na frequência (para isto tenho filtros: um no rádio outro na cabeça) do que apanhar um bilhete destes… 😀

Bom, gosto de rádio e de partilhar com todos tudo o que sei, mas caramba, naquele dia, já me bastava suportar o calor. 🙂

73 de CT7AFR, Emmanuel.

O que pode correr mal num SOTA (V)

Um Kamov no combate aos incêndios florestais
Um Kamov no combate aos incêndios florestais

Domingo 07 de Agosto 2016. Saída do QTH cedinho em direcção ao CT/MN-021 (Mourisca), para o programa do costume: a família larga-me onde começa a estrada de gravilha e segue de carro, enquanto eu vou indo a pé para cumprir as regras.

Problema número 1, apesar das explorações virtuais aos diversos caminhos rodoviários, o que apresentava declive mais favorável apesar da distância ser maior (pouco mais de 3km), revelou-se impraticável para um Megane break. Só esvaziando os pneus é que o carro iria lá acima (mas isto só se fosse meio louco e meio parvo). Resultado, eu vou, elas vão dar uma volta o pessoal comunica pelos PMRs (uma ainda é CR7 as outras duas são menores)…

Problema número 2: pelo caminho seguido pelo carro, há pequenos fogos juntos à estrada, com bombeiros a controlar e a pedir para se possível, ir para outro lado. Ora bolas! Nos sites fogos.pt e prociv, não havia incêndio por perto, quando consultados antes de sair de casa! Sou informado disto tudo via rádio (PMR). No meio da Serra, solto em bom som um par (eram mais) de c4r4lh4d4s, entre outras expressões em latim e grego arcaico. Se há coisa que me deprime desde miúdo são os fogos florestais. 🙁

Lá vim eu para trás, rapidamente resgatado pela família enquanto já me sobrevoava o Kamov CS-HMP (número 3). Cancelamos a expedição ao Cume e resolvemos ir passar o resto do dia a Arcos de Valdevez.

Conclusão: Entre o sair de casa e o chegar ao início do trilho, as condições podem mudar abruptamente e sem pré-aviso.
73 de CT7AFR, Emmanuel.