
Um gajo chama “CQ SOTA CQ SOTA CQ SOTA CT7AFR/P activating summit reference CT/MN-0nn…” E chama, e chama e continua a chamar. Tudo porque não tem cobertura telemóvel para se auto-spotar no sotawatch e porque ninguém atende os repetidores (esta parte assusta-me, a sério).
Dizia eu, um gajo chama, chama e chama até que lá responde o primeiro que muito amavelmente se prontifica a nos anunciar no cluster o que já é muito bom. Logo vem o segundo que sorte das sortes é caçador e logo nos reporta no sotawatch!
E depois vem o terceiro: um colega português, um indicativo novo para mim; é uma honra para mim juntar mais um “cromo” à colecção. Mas quem poderia adivinhar que o “cromo” além de não saber o que é SOTA (mas a isto ninguém é obrigado), não entendeu nenhuma das dicas que lhe ia passando subliminarmente a cada “over” para me deixar continuar a minha activação por todas as razões do mundo. Sei lá! A temperatura já ia nos 38ºC (eram cerca de 1030LT), estava a operar em portátil, longe do QTH, num ambiente moderadamente agressivo mas sobretudo temperamental…
Enfim, por muito que tentasse, que me despedisse com uns “OK colega, obrigado pelo contacto, 73 e até à próxima”, vinha sempre mais uma pergunta: Está com amplificador ou é só propagação? Que rádio está a usar? Que antena está a usar? Onde fica esse sítio ao certo? Ah e tal, blah blah blah, já estive aí perto com a família no dia tal e tal. Há aí um restaurante, blah blah blah…”
Bom, quem estava no pile-up desistiu, quem viu no cluster e foi espreitar a frequência deve ter pensado: “olha um QSO normalíssimo, o gajo do SOTA foi comido ou está noutra frequência”.
A dada altura, já depois de ter explicado o que é o SOTA, que estava “com pressa”, que queria facturar tantos contactos quanto possíveis sem estar com mordomias, que queria dar oportunidade a outros caçadores etc., pois o objectivo SOTA para mim (além do passeio) é ver onde chego com os meus meios e optimizar estes, seja rodando o dipolo (apesar de ser V-invertido), seja abrindo ou fechando um pouco as pernas do mesmo. Dizia eu, já depois da lição de SOTA e perante tanta falta de sensibilidade pela parte do OM, confesso cheguei a ponderar deixar “cair a linha” e ir chamar para outro lado…
Resumindo, foram 10 minutos stressantes. Prefiro ter um palhaço a assobiar na frequência (para isto tenho filtros: um no rádio outro na cabeça) do que apanhar um bilhete destes… 😀
Bom, gosto de rádio e de partilhar com todos tudo o que sei, mas caramba, naquele dia, já me bastava suportar o calor. 🙂
73 de CT7AFR, Emmanuel.