O que pode correr mal num SOTA (VIII)

No passado sábado, activei o meu vegésimo sétimo cume; mais uma vez, na companhia do colega Gomes (CT1HIX). Há uns meses, quando pensamos em activar um cume juntos, estavamos a pensar no CT/MN-001 (Alto da Pedrada). Porém, enquanto não metemos os pés a caminho deste cume, activamos outros na mesma região: uma delícia.
Chegou então a vez do tão adiado MN-001. Como sempre, muito trabalho de casa, muitas conversas telefónicas, muitos chats no Fuças ou por e-mail, mas sempre com um olho nas cartas (virtuais) e outro nas previsões meteorológicas. Em relação ao WX, até tefigramas consultamos para estimar se o cume estaria no meio da “sopa” ou não. 🙂
É no capítulo das cartas que a coisa pode também correr mal… Ressalvo já que o “correr mal” é relativo; mau mau seria torcer um pé, partir uma perna ou apanhar uma descarga atmosférica, por exemplos.
Voltando às cartas: CUIDADO com o Google-Terra e os seus perfis verticais, aquilo mente mente mente; aliás, mente mais que um meteorólogo! Passo a explicar. Quando preparo uma ida a um cume, procuro por trilhos eventualmente existentes, no capítulo Tracks do SOTA, no wikiloc, nas cartas topográficas (se tiver) e nas imagens aéreas do Google-Terra. Se não aparece nada, traço uma recta entre os pontos de partida e de chegada e procuro percorrer esta linha contornando buracos e paredes.
Para o passado sábado, o trilho estava traçado: saída da Branda de Gorbelas, subida em direcção ao cume com passagem turística por um fojo (lobos). Encontram-se na Net vários trilhos com o mesmo percurso inicial que o nosso; portanto, não inventamos nada. O que não esperavamos no local, por engano do perfil vertical do GE, é ter de caminhar numa calçada (sim, calçada) em pontas de pés, de tão íngreme que é. Mas quem subiu ao “Concieiro” (i.e., Penameda), já não se assuta com facilidade. Não se assusta, mas passados 10 minutos fica com os “bofes de fora”. Aquilo começa mesmo “a matar”. Convém fazer aquecimento prévio antes de meter calcantes a caminho. Ou então, fazer como nós: devagar…
O segundo inesperado do dia foi provocado por excesso de confiança (entenda-se, falta de experiência minha) nas pilhas recarregáveis NiMH. Após muitos trilhos com pilhas destas no meu GPS, nunca tive problemas até ao passado sábado. Levo duas no GPS (Etrex 30x) e outras 2 ou mais na mochila, carregadas; pensava eu…
Ao quilómetro N, já perto do fim do fojo, a cerca de 500 metros do cume, o GPS dá-me aviso de pilha fraca. Pelo sim pelo não, resolvi substituir. Não precisava do GPS, a visibilidade era óptima, apenas umas núvens brincavam às escondidas com o Sol e o cume estava “já ali”. Coloco as plhas “carregadas” e? Nada! Ora bolas; teria cometido algum erro em casa? Coloco o outro par de pilhas “carregadas” e? Nicles picles!… «Arre! Não preciso do GPS mas quero gravar o trilho». Valeu-me o amigo Gomes que me ofereceu um par de pilhas alcalinas (por escrever isto, lembro-me agora que não reconfigurei o GPS de pilhas recarregáveis para alcalinas). Obrigado Gomes! 😉
O que aprendi com esta estória:
1) As pilhas NiMH (as minhas são de 2450 mAh), apesar de terem apenas meia dúzia de ciclos de carga, descarregam-se em menos de 2 meses após uma carga completa. Ou seja, deve-se carregar as pilhas na véspera para garantir a frescura dos electrões.
2) Ter sempre à mão, um par de pilhas alcalinas. Mesmo que se leve pilhas recarregadas.
No final de contas, tendo chegado ao cume o dia foi positivo: Caminhamos quase 10 km com paisagens deslumbrantes, visitamos um fojo, encontramos duas caches, atravessamos a nascente do rio Vez, vimos um Cervo, muitas perdizes e vacas cachenas. E com isto, somei 7 QSOs difíceis (bad propagation) com um F, um G e 5 EA.
73 de CT7AFR, Emmanuel.
O que pode correr mal num SOTA (VII)

Por mais que se consultem cartas topográficas, ortofotos, trilhos e testemunhos de pioneiros, nada bate a experiência pessoal e o respectivo somatório final. O colega Carlos Gomes (CT1HIX) e eu combinamos unir forças às 0600Z junto do QTH do primeiro, para iniciar o ataque ao cume CT/MN-011 Penameda (erradamente referido como Concieiro). Levantei-me às 05:00 de uma noite preenchida com insónia; provavelmente fruto de uma excitação infantil pelo que estava previsto para o dia seguinte: SOTAAAAAAA. 🙂 Estava tudo preparado desde a véspera. Era só tomar um duche, vestir-me e meter-me no carro com destino ao “meeting point”…
1) Ao chegar ao portão da garagem do prédio onde resido, constato que este está meio-aberto, meio-fechado. Tanto com o comando quanto com o botão de parede, o portão não se mexe, começa bem o dia! A viagem QTH-meeting point tem uma duração prevista de 45 minutos, precisamente o tempo que tenho para não chegar atrasado. Quero abrir manualmente o portão, mas desapareceu o cabo que solta o mesmo do carrinho de reboque. Vou à minha garagem buscar uma vara (daquelas de fixar um rolo de pintar) e lá consigo soltar o portão que se fecha violentamente, num fantástico estouro sonoro de acordar um prédio inteiro. O cabo de aço que prende o portão ao sistema de mola que alivia o peso do mesmo estava desengatado. Era preciso uma pessoa para abrir o portão e segurá-lo em cima, enquanto outra tirava o carro da garagem do prédio. O raio do portão parecia pesar toneladas para o levantar até à posição de aberto. E depois? Quem o segura? Lá me lembrei de ordenar ao sistema para “abrir” até que o trinco engatasse novamente no carrinho de reboque. Sucesso! O portão ficou aberto! Vou arrumar a vara de pintor na garagem, volto para o carro, meto-me nele e vejo o portão a fechar automaticamente porque já estava aberto há 1 minuto… Ou seja, voltei à estaca zero. Como já conhecia a receita, voltei a repetir os passos necessários, mas desta vez, a vara de pintor ficou na mala do carro! Estava a deixar o meu QTH cerca de 20 minutos após a ETD. No caminho deu para recuperar 5 minutos tendo chegado ao meeting-point cerca das 0615Z, onde me esperava o CT1HIX devidamente informado da minha peripécia, via CQ0VSA.
2) O meu carro ficou no meeting-point e seguimos no carro do Gomes para o ponto inicial do trilho. Com o entusiasmo de meter os pés ao cominho, o meu chapéu ficou no banco do MEU carro. O que me vale é ter a cabeça dura, mas certamente iria ficar com dores tipo ressaca nofim do dia (e fiquei!). Falhou a consulta do check-list “before take-off”. 😉
3) Pela primeira vez, iria seguir um trilho no meu GPS, baseado numa mistura de trilhos sacados do wikiloc, em vez de me orientar pelos trilhos referidos no mapa original. O resultado final foi positivo mas houve desvios devido a fazer confusão entre a setinha da nossa posição com a setinha do cursor do GPS; falta de prática da minha parte com este GPS. Habitualmente crio os meus trilhos no GPS, logando o percurso feito em vez de carregar trilhos de terceiros. Como disse, chegamos ao destino, mas houve fossos a transpor, com direito a passar por cima e por baixo de penedos e abrir caminho por sítios onde provavelmente nunca ninguém passou. Oportunamente, partilharei o caminho que trilhamos e que ficou logado no meu GPS.
4) Sabíamos que a fase final do trilho iria dar trabalho, mas não tínhamos a certeza se iria implicar escalada livre. Eu tenho um problema com alturas apesar de não ter problemas com altitudes; isto é, voo em máquinas que nem têm motor, mas subir escarpas ou mastros de antenas… cof cof… Lá avancei lentamente mas confiante, atrás do “cabreiro” Gomes que me ia motivando a não ficar pela cota -25 metros e ir até lá acima. A mochila não me pesava muito nas costas apesar da sua dezena de quilos, mas a alteração de centro de massa que ela provocava em mim, dificultava e punha em risco a minha escalada: o Gomes (ah, grande Gomes!) ofereceu-se para ser o meu sherpa na “recta” final da ascensão. Muito obrigado Gomes! Se não fosses tu, teria activado o cume desde o penúltimo degrau. A descida foi a bate-cu, com calma, lenta e segura, qual elefante a saltar de nenúfar em nenúfar.
5) É boa prática levar consigo um repelente de insectos. Mas os que encontramos lá em cima, riam-se para nós num tom jocoso de como quem diz “ólhamestes! Vêm práqui com sprayzinhos pra mosquitos de cidade, ahahahahaaaa”. De facto o melhor dos repelentes não tinha qualquer efeito sobre a núvem de “mosquitos” que pairava precisamente sobre o cume de Penameda. Fiz o meu vídeo “360º” à pressa para ir um pouco mais além montar a antena, mas a núvem de “mosquitos” lá foi pastar para outro lugar: porreiro, já posso armar a barraca aqui mesmo. No processo de montagem, a nuvem voltou a visitar-me mais duas ou três vezes… Comecei a operar, a cobertura GSM facilitou o autospot no sotawatch e rapidamente fiz os 4 QSOs que me validariam o SOTA. Ao querer despachar-me dali para fora, acabei por perceber que afinal os “mosquitos” eram apenas formigas aladas, curiosas e inofensivas, mas chatas. Tão chatas que era preciso varrê-las de cima do meu logbook para poder escrever sem espalmar algumas (ver foto). Fiquei mais um pouco para mais uns QSOs na companhia delas.
6) IARU Region 1 Field Day SSB. O nome diz tudo! Este evento dificultou o SOTA ao colega CT1HIX e eventualmente outros operadores QRP. Mas com paciência e astúcia os resultados desejados foram superados. 😉
Caro leitor, queira desculpar o lençol deste episódio. Se leu até aqui, parabéns! Espero que sirva de lição tal como a mim. 🙂
73 de CT7AFR.
O que pode correr mal num SOTA (VI)

Um gajo chama “CQ SOTA CQ SOTA CQ SOTA CT7AFR/P activating summit reference CT/MN-0nn…” E chama, e chama e continua a chamar. Tudo porque não tem cobertura telemóvel para se auto-spotar no sotawatch e porque ninguém atende os repetidores (esta parte assusta-me, a sério).
Dizia eu, um gajo chama, chama e chama até que lá responde o primeiro que muito amavelmente se prontifica a nos anunciar no cluster o que já é muito bom. Logo vem o segundo que sorte das sortes é caçador e logo nos reporta no sotawatch!
E depois vem o terceiro: um colega português, um indicativo novo para mim; é uma honra para mim juntar mais um “cromo” à colecção. Mas quem poderia adivinhar que o “cromo” além de não saber o que é SOTA (mas a isto ninguém é obrigado), não entendeu nenhuma das dicas que lhe ia passando subliminarmente a cada “over” para me deixar continuar a minha activação por todas as razões do mundo. Sei lá! A temperatura já ia nos 38ºC (eram cerca de 1030LT), estava a operar em portátil, longe do QTH, num ambiente moderadamente agressivo mas sobretudo temperamental…
Enfim, por muito que tentasse, que me despedisse com uns “OK colega, obrigado pelo contacto, 73 e até à próxima”, vinha sempre mais uma pergunta: Está com amplificador ou é só propagação? Que rádio está a usar? Que antena está a usar? Onde fica esse sítio ao certo? Ah e tal, blah blah blah, já estive aí perto com a família no dia tal e tal. Há aí um restaurante, blah blah blah…”
Bom, quem estava no pile-up desistiu, quem viu no cluster e foi espreitar a frequência deve ter pensado: “olha um QSO normalíssimo, o gajo do SOTA foi comido ou está noutra frequência”.
A dada altura, já depois de ter explicado o que é o SOTA, que estava “com pressa”, que queria facturar tantos contactos quanto possíveis sem estar com mordomias, que queria dar oportunidade a outros caçadores etc., pois o objectivo SOTA para mim (além do passeio) é ver onde chego com os meus meios e optimizar estes, seja rodando o dipolo (apesar de ser V-invertido), seja abrindo ou fechando um pouco as pernas do mesmo. Dizia eu, já depois da lição de SOTA e perante tanta falta de sensibilidade pela parte do OM, confesso cheguei a ponderar deixar “cair a linha” e ir chamar para outro lado…
Resumindo, foram 10 minutos stressantes. Prefiro ter um palhaço a assobiar na frequência (para isto tenho filtros: um no rádio outro na cabeça) do que apanhar um bilhete destes… 😀
Bom, gosto de rádio e de partilhar com todos tudo o que sei, mas caramba, naquele dia, já me bastava suportar o calor. 🙂
73 de CT7AFR, Emmanuel.
O que pode correr mal num SOTA (V)

Domingo 07 de Agosto 2016. Saída do QTH cedinho em direcção ao CT/MN-021 (Mourisca), para o programa do costume: a família larga-me onde começa a estrada de gravilha e segue de carro, enquanto eu vou indo a pé para cumprir as regras.
Problema número 1, apesar das explorações virtuais aos diversos caminhos rodoviários, o que apresentava declive mais favorável apesar da distância ser maior (pouco mais de 3km), revelou-se impraticável para um Megane break. Só esvaziando os pneus é que o carro iria lá acima (mas isto só se fosse meio louco e meio parvo). Resultado, eu vou, elas vão dar uma volta o pessoal comunica pelos PMRs (uma ainda é CR7 as outras duas são menores)…
Problema número 2: pelo caminho seguido pelo carro, há pequenos fogos juntos à estrada, com bombeiros a controlar e a pedir para se possível, ir para outro lado. Ora bolas! Nos sites fogos.pt e prociv, não havia incêndio por perto, quando consultados antes de sair de casa! Sou informado disto tudo via rádio (PMR). No meio da Serra, solto em bom som um par (eram mais) de c4r4lh4d4s, entre outras expressões em latim e grego arcaico. Se há coisa que me deprime desde miúdo são os fogos florestais. 🙁
Lá vim eu para trás, rapidamente resgatado pela família enquanto já me sobrevoava o Kamov CS-HMP (número 3). Cancelamos a expedição ao Cume e resolvemos ir passar o resto do dia a Arcos de Valdevez.
Conclusão: Entre o sair de casa e o chegar ao início do trilho, as condições podem mudar abruptamente e sem pré-aviso.
73 de CT7AFR, Emmanuel.
O que pode correr mal num SOTA (IV)
Hoje, em CT/MN-026 Alto do Gião, estava como se pode ver no vídeo
Curiosamente, à medida e que o tempo ia passando; i.e., o Sol ia subindo no horizonte e aquecendo a moleirinha, a intensidade do QRM foi descendo de S9+20dB para S7/S8, o que me permitiu fazer 12 QSOs no 40 metros com Portugal, Espanha e Itália.
73 de CT7AFR, Emmanuel.
O que pode correr mal num SOTA (III)

Para mim, a Quinta-feira 28 de Julho foi dia de pouco trabalho, tão pouco que deu para replanear uma coisa que há muito queria fazer: um SOTA de fim de tarde. Para um SOTA destes, teria de ter um carro de apoio para o regresso. Então teria de ser um local de SOTA ao qual um carro poderia chegar perto. Para escolher um ponto destes, não há nada como o GoogleTerra para avaliar o tipo de estrada. E dentro dos pontos disponíveis, o mais provável seria activar um ponto junto de alguma capelinha ou de um parque eólico. Ficou decidido activar o CT/MN-032 (Alto da Pena) que, de carro, fica a três quartos de hora do QTH. Saímos do QTH pouco depois das 1800LT e pouco antes das 1900LT fui largado no ponto inicial do trilho que me levaria ao ponto de SOTA.
O trajecto a pé foi feito pela estrada de gravilha que começa Estrada Municipal M-516 e termina perto do Vértice Geodésico de primeira Ordem, São Paio. Pelas medições previamente feitas, tratar-se-ia de um trajecto com perto de 4,5 km, sempre a subir, com uma mochila de 7 quilos às costas… Estimei uma duração de 1,5 a 2 horas de caminhada. Correu melhor do que previsto: uma hora e cinco minutos. A temperatura do ar estava a 27ºC (à porta do QTH estavam 32ºC). Correu melhor do que previsto?! Então o que é que correu mal??? A máquina fotográfica ficou esquecida na garagem do QTH e o telemóvel seguiu no carro para o Alto da Pena… O que se pode aprender com isto? Um checklist só não chega!!! Na aviação, cada aeronave possui um porradão de checklists, é para tudo: Preflight Inspection, Before Start, Taxi, Normal Takeoff, Enroute Climb, Cruise, etc… Numa aeronave tão “simples” quanto um Cessna 172, são perto de vinte! Portanto, para o SOTA, além do checklist para a mochila (preflight), preciso de um checklist “before start” para quando estou ainda no QTH, outro para quando o carro me larga, etc…
Lá em cima, já estava a família a conviver com os protagonistas de uma festa de aniversário que estava a ocorrer junto ao VG, quando cheguei de mochila às costas e cana de pesca à mão. Meio dedo de conversa e toca a “armar a coisa”. Foi o dia de estreia para o meu “manpack” (não é bem um manpack, mas… ver foto). Agora, só preciso de montar a antena, ligar esta ao rádio e meter fogo à peça. Por questões de refrigeração, tirei o “manpack” da mochila e pousei-o no pilarete que fica junto ao VG.
Pelas 2027LT spotei-me no sotawatch, no minuto seguinte fiz o meu primeiro contacto com o colega EA2DT, seguido dos colegas OK2PDT e G0SLR. Neste momento, com apenas 3 QSOs no Log e o Sol a tocar no horizonte espanhol, começou um jejum preocupante, a banda dos 40 metros estava bastante animada, mas ninguém queria nada comigo. Passei ao plano-B, chamar nos repetidores. Atendeu-me o colega Jorge (CT2IQK) que só podia operar nos 2m e com quem não conseguia fazer uma directa entre o Alto da Pena e Braga… Seguiu-se o plano-C, enviar um SMS aos suspeitos do costume CT1HIX e CT2HKN. O CT1HIX estava longe e apenas com 2m-FM na mão não foi possível o contacto. Voltei para o HF, chamei, chamei, chamei, vigiando a tensão da minha bateria. O Sol já se tinha escondido, já só o crepúsculo iluminava o meu shack improvisado. Estava a vista o meu primeiro SOTA inválido para pontuação…
No pequeno desespero que me estava a invadir, com a família já a perguntar se já tinha conseguido os QSOs que queria, toca-me o telemóvel por ordem do Miguel (CT2HKN). Blah, blah, blah, 7,188 Mhz siga! Estava ele e o colega João (CT2GSN) a afinar uma antena e vieram ao meu socorro. Passei assim de 3 para 5 QSOs, ficando este último registado às 2101LT.
73 para aqui, 73 para ali, desmonta que se faz tarde e estavam ali, no carro, pelo menos duas barriguitas a dar horas…
Resumindo, o SOTA ficou validado com alguma sorte e graças ao espírito de ajuda dos colegas que provavelmente foram jantar mais tarde, comida já esfriada, porque ficaram de volta dos rádios a terminar aquela coisinha que “já estava quase”… A todos com quem tive o privilégio de falar neste SOTA, por SMS ou QSO, fico obrigado.
73 de CT7AFR, Emmanuel.
P.S. As coordenadas deste ponto SOTA estão erradas, o ponto SOTA coincide com o Vértice Geodésico cujas coordenadas são: N41º 55′ 17.6446″ W8º 42′ 53.0200”
O que pode correr mal num SOTA (II)

Não era minha intenção escrever uma sequela para a primeira (relativamente) má experiência durante um SOTA, mas a bem do SOTA, partilho aqui mais uma estória. 🙂
O fim de semana foi muito complicado em termos de disponibilidade. Não podendo levar a cabo os SOTAs previstos, tirei da gaveta uma ideia de recurso: fazer um SOTA na companhia de um dos meus irmãos, em jeito de “rapidinha”.
A ideia era: enquanto trilhavamos o monte, ele ia procurando umas caches e eu, chegado ao cume, tentaria fazer uns contactos. OK, um telefonema, umas trocas de informações e como ele vive na “zona”, ele seria o guia… Encontrados no “meeting point”, lá iniciamos um trilho com (segundo o meu GPS) cerca de 3,8 quilómetros.
Sobe e desce, uma cache aqui, outra ali, o passeio ia a bom rítmo pela sombra dos pinheiros ou dos eucaliptos. Até que diz o meu irmão: «já falta pouco». Pensava eu, olhando para o GPS, que ele estaria a tentar motivar-me por eu estar a carregar uma mochila de 9 quilos às costas, enquanto ele só tinha nas mãos um smartphone e um bastão de caminhada (note-se que a minha mochila perdeu já 3 quilos, desde o primeiro SOTA que fiz). 🙂
A caminhada seguia o seu percurso quando de repente, diz o meu irmão: “É ali!”. Subimos a umas rochas, por sinal muito parecidas às que tinha visto através do GoogleTerra, típicas do Minho, mas o meu GPS dizia que faltavam ainda cerca de 1800 metros em linha recta. Confuso com a discrepância – ter-me-ia enganado ao inserir as coordenadas no GPS? – rodo sobre o meu eixo vertical para apontar os olhos na direcção do azimute indicado pelo GPS e PIMBA! Qual estalo na testa? Estava lá o ponto SOTA, mesmo à minha frente, no monte do outro lado do vale!!! Hahahaha. O meu irmão não sabia onde se meter… eu também não! 😀
Pelas horas, trajecto que ainda faltava percorrer e pensando na volta, desisti do SOTA e fomos seguindo o trilho das caches que o meu irmãozinho tinha planeado e nos levaria de volta ao carro pelo outro lado do monte. Foi uma tarde de geocaching penosa (nove quilos, hã?), mas saudável. 🙂
Chegados ao carro, eu, contente pelo passeio e feliz pelo convívio, sentia um pequeno amargo na boca por não ter conseguido fazer um SOTA num belo fim de semana. Até que num rasgo de lucidez, me recordo que tinha na minha gaveta mental, um SOTA de backup para quando tudo corresse mal na zona: o Monte Sameiro!!! Que quase ficava (e ficou) no caminho de regresso a Viana do Castelo! 😀 Gps, blah blah blah, siga!
A hora não podia ser melhor, os turistas estavam a descer o monte que eu estava a subir (de carro). Para não estragar por completo o espírito SOTA, deixei o carro a cerca de 500 metros do local de onde activei o monte…
Às 18:31 (LT) realizava o primeiro de 23 QSOs nos 40 metros, desde o CT/MN-035 – Monte Sameiro.
73 de CT7AFR, Emmanuel.
O que pode correr mal num SOTA (I)
Num SOTA, muita coisa pode correr mal, muito mal até. Ontem (Domingo 22 de Maio), depois de um Sábado nojento que me boicotou o SOTA previsto, curiosamente o MN-036 que o Gomes (CT1HIX) activou 🙂 , ao ver o belo do céu azul resolvi não dar o fim de semana por perdido. Refiz o “plano de voo” para o dia com a família, e lá vou eu monte acima para SOTAr a Serra de Santa Luzia. A família iria lá ter com o “carro vassoura”…
Chegado ao marco geodésico, primeira observação/obstáculo: Nunca vi tantos cavalos garranos como nesse dia! Estavam onde eu queria estar. “Ah e tal, são mansinhos” Pois, mas a casa é deles e malucos há por todo o lado… Desviei-me uns metros.
Armado o dipolo, ligado o rádio, preparado o logbook, PIMBA!!!! Aí surge a falha! Qual estalo com luva de boxe, qual coice no rabo… Estava no ponto SOTA, mas afinal qual era a sua referência?! Ora bolas, já lá tinha estado a passear, já o tinha revisitado para reconhecimento, já tinha percorrido esta serra de um lado para o outro antes mesmo que existisse SOTA! Mas faltava o dado burocrático que faz toda a diferença. 🙁
Para resolver o assunto, lanço um SOS em todos os repetidores que conseguia activar daquela ponto: Serra d’Arga, Braga, Arrestal, Serra da Estrela até! De facto, ao domingo à tarde, os repetidores estão desertos. Horas depois de chegar a casa, fiquei a saber que ontem era dia de bola, de final de mais uma taça…
Então com GSM intermitente, lancei o SOS por SMS para outros sotistas. Aqui fico agradecido ao CT2HKN por me ter socorrido e aos outros que chegaram depois. Forte abraço Miguel.
Com a referência CT/MN-037 apontada no cabeçalho do Log, já perto das 19:00 iniciei a chamada. Chamei, chamei, chamei… nada! Tinha o dipolo com os lóbulos orientados Norte-Sul. Passados perto de 30 minutos a chamar, a ver a bateria a baixar para 11.5V em carga, a ficar desesperado, resolvi numa última tentativa rodar a antena cerca de 45 graus (SSE-NNO) a pensar no Portugal profundo que gosta dos 40 metros. Logo apareceu um pile-up que me permitiu facturar 13 QSOs até a bateria chegar ao limiar do ponto sem retorno (10.8V). Foram contactos desde cá até a Inglaterra, passando pela Espanha, França e Holanda. Estações portuguesas foram.. só uma.
Concluindo: Tive sorte! Correu bem graças aos amigos.
NOTAS FINAIS:
1) Quando a GSM não presta ou está intermitente, desactivar o 3G no telemóvel ajuda a tornar a ligação à rede mais estável.
2) A passagem do Rali de Portugal por aquelas bandas, deixou um rasto impressionante de lixo. Devo ter visto umas valentes toneladas de vidro em garrafas de cerveja. Sacos do lixo por todo o lado, fitas limitadoras do ACP e redes de plástico que devem ter servido de barreira para o público. Só costumo ver tanto lixo assim, nos momentos post-mortem de alguma queima das fitas ou festival de música. Aqui, por estar no meio da natureza, ver um cenário destes dá-me um misto de nojo e tristeza. Por ver espalhados pelo monte dezenas de casas de banho amovíveis (daquelas cabines de plástico), tenho a esperança que alguém passe por lá para recolher as mesmas e todo o entulho que por lá estava. Hei-de voltar brevemente à Serra para ver se ficou limpa… Só espero que não demorem.
Desculpem o lençol, o desabafo e a falta de imagens; só me lembrei de tirar fotos quando já estava tudo desmontado (a máquina subiu a Serra no carro vassoura).
73 de CT7AFR, Emmanuel.