Voos de 08 e 11 de Agosto 2009 na Covilhã

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Voos de 08 e 11 de Agosto 2009 na Covilhã

Mensagempor Emmanuel em 12 Ago 2009, 12:01

Olá a todos,

com a devida autorização do piloto António Conde, reproduzo aqui (e na secção Meteorologia) os relatos de dois voos feitos pelo próprio em Duo Discus, de e para a Covilhã, passando por muitos e certamente belos lugares.
Obrigado ao António pelo detalhe dos seus relatos que quase nos fazem sentir a bordo da aeronave dele. ;)

(...)
Quanto aos voos (de sábado e de ontem, dias 8 e 11 de Agosto de 2009, respectivamente). Dois voos fabulosos, pelo menos para os meus padrões.

Sábado voei com o Pedro Araújo; ontem voei sozinho (...).

Meteo: basicamente as coisas coincidiram. No sábado, quando chegámos, parecia que não daria para voar - o céu estava repleto de cirrus e nuvens médias (o que coincidia com o “tefigrama”). Depois, a partir talvez das 13h começou a melhorar, ou seja, aparecerem cúmulos, os quais, durante a tarde, foram passando a congestus e Cb (interior de Espanha). Isto coincidiu com as previsões. Fizemos tectos máximos (QFE) à volta de 2.600m. Devemos ter feito, seguramente, mais de 400 Kms. Chegámos a estar a 100 Kms da Covilhã, para lá de Cidade de Rodrigo (Espanha). Quando tentámos ir mais além (Serra da Gata, Penha de França...) começou a chover...e viemos com o "rabinho entre as pernas"...
Lembro-me de, nessa zona, termos apanhado uma térmica em que "enrolámos" a 5,8 m/s integrado!!! (não me lembro de alguma vez ter subido assim tanto numa térmica). Tivemos imensa atenção para não entrarmos dentro dum Cb sem notarmos. É preciso ter muito cuidado. Após o "incidente" da chuva, regressámos à zona da Covilhã e, sobre Belmonte, havia uma imensa bátega de água, da qual, obviamente, nos afastámos. Eram cumulus congestus dos grandes, muito grandes mesmo. A este propósito, aludo que o xc skies tem a particularidade de nos dar a Humidade Relativa no topo da camada das térmicas, o que pode ser bastante útil – “RH Max in boundary layer”.

Lembro-me, ainda, dum fenómeno meteorológico (pelo menos para mim e o Pedro assim foi): quando estávamos sobre o aeródromo já a pensar em aterrar, apesar de não haver nuvens as ascendentes não paravam de surgir (algumas a 2m/s)!!! Aterrámos, penso eu, às 20h30m, mais coisa menos coisa. No total fizemos 6h20m de voo.

Ontem, fiz um percurso semelhante, embora com um raio mais abrangente em termos de locais, ainda que não me tenha afastado tanto da Covilhã como no sábado. Já os irei referir. Primeiro a "meteo". Ontem à noite estive a estudar as previsões com o Pedro (INM, wx skies, Nooa, IST...).
Aquele que me desiludiu mais foi o xc skies, pois, a meio da tarde em diante, previa que o céu começaria a fechar. Não fechou. Nem de perto nem de longe. Quanto a tectos, ventos e outras informações básicas as "coisas" coincidiram. Assim, vento muito fraco, variável. Aliás, as nuvens (cumulus) só começaram a pintalgar o céu – totalmente azul, sem nuvens altas e médias – quando o vento aumentou um bocadinho. Isto deve ter sido por volta da mesma hora de sábado (13h). A teoria que diz que as térmicas precisam de um pouco de vento para se começarem a soltar. Está certa!

Os cumulus eram todos cumulus humilis (cumulus de bom tempo). Apenas para Espanha apanhei cumulus próximos dos congestus, mas de forma alguma com o “sobredesenvolvimento” dos que apanhámos no sábado. Este dado coincidiu com as previsões. Porém, foi na zona de Espanha/Este de Portugal que obtive os tectos mais altos (mais do que no sábado): 2.800m QFE.

No que respeita ao voo. Comecei o trajecto na “Torre”, segui para Seia (onde estavam dois aviões dos incêndios na pista), Manteigas, Gouveia
e por aí fora, na parte W da serra até ver Celorico ao longe. Depois entrei para a Guarda, segui para o Sabugal e fui direito à Serra da Gata (Espanha). Aí, sobre a serra, as nuvens não “puxavam” tanto e resolvi aproximar-me da Covilhã. De qualquer forma, não me afastei tanto do “centro” (Covilhã) como no sábado, onde estivemos, como acima disse, a 100 kms de distância, já fora do “cone”. De seguida, passei para o lado sul da Serra da Gata, fui direito a Penamacor, entrei para a fronteira, para Monfortinho (onde estive a ver o aeródromo e também, um pouco ao longe, mas não tanto assim, um Cb). Após fui a Castelo Branco (onde também vi o aeródromo). Voltei então mais para “dentro”, directo a Alpedrinha, Serra da Gardunha, a qual transpus sem qualquer problema – estive sempre alto, o mais baixo que estive foi 1.600 m QFE entre Penamacor e Castelo Branco. Com o Pedro, penso que nunca estivemos abaixo dos 2.000m. Nesse local – Serra da Gardunha, já no lado W, apanhei uma térmica “húmida” que me levou aos 2.400 m (nessa altura as nuvens já não bombeavam tanto, talvez 2/3m/s, no máximo, e subida irregular), altura em que, para meu espanto, reparei que estava a 8kms da Pampilhosa da Serra. Com tanta “gasolina” a bordo decidi ir visitar esta terra e o seu aeródromo (acoplado de “heliporto”), alcandorado no topo da serra. Estava, tanto quanto me recordo, a cerca de 40kms da Covilhã. Desde aí, com o meu LX a dar-me sempre altura de segurança de chegada à Covilhã à volta de 500m (ainda tenho 250m de reserva), fiz uma “final glide” até ao meu destino. Fabuloso! Já com o aeródromo mais do que garantido, dei “fogo à peça”. Ou seja, em linguagem quilométrica, coloquei a máquina entre os 150 Kms/h e os 200 kms/h, variando em razão da turbulência do ar, a qual, naquele momento, era quase inexistente. Aterrei às 19h30m na pista de terra para deixar o planador junto ao hangar. O Pedro estava à minha espera (e a minha mulher em Coimbra) e seria um abuso prolongar as coisas – para ser sincero, aquela “final” já me tinha satisfeito totalmente. Mesmo assim fiz 4h45m de voo. Não senti, contudo, o tal fenómeno de sábado (ascendentes), ao da tarde, junto ao aeródromo.

O Pedro Araújo poderá dar mais algumas dicas úteis que me podem estar a escapar.

Um abraço e ao dispor
AC


Cumprimentos a todos,
LOMBA, Emmanuel.
Apenas vejo dois tipos de planadores no céu: os Blanik e os outros...
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Emmanuel
 
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