Cabo não solto/partido do lado do rebocador...

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Cabo não solto/partido do lado do rebocador...

Mensagempor jcomm em 19 Jun 2008, 21:48

Esta eu devia lembrar-me na ponta-da-língua, mas não me lembro :oops:

Bom, imagine-se um cenário em que durante o reboque, já acima, digamos, dos 300m, o cabo se solta inadvertidamente/parte junto ao rebocador.

- Qual(is) o procedimento correcto assumindo que a zona sobrevoada é habitada?
A) tentar posicionar-se o planador sobre uma zona supostamente segura e aí soltar o cabo?
B) fazer uma aproximação alta soltando o cabo sobre a pista e descendo depois para aterrar em frente?
C) e se o cabo não se soltar, qual a melhor forma de planear o circuito de aprox. e aterragem? (penso que neste caso será algo de semelhante a B) ???)
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J. C. Monteiro (LPPT)

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Re: Cabo não solto/partido do lado do rebocador...

Mensagempor Arlindo Silva em 20 Jun 2008, 11:12

Olá Monteiro
Ainda não tivemos oportunidade de nos conhecer, mas espero não passar este verão sem que tal aconteça. Nós (A.C. Asas das Beiras e A.C. Porto) estamos, desde há duas semanas, sediados em Bragança, onde devemos permanecer até Setembro. Dispomos dum Blanik e dum rebocador e estás desde já convidado a voar connosco. Em Bragança para além das térmicas fabulosas e ondas, há também uma posta mirandesa de comer e chorar por mais.
Relativamente há tua pergunta, penso que é uma questão de bom senso e sangue frio. Há 3 ou 4 anos, quando estava a ser rebocado no Blanik na Covilhã, o rebocador cortou-me (soltou-me) o cabo quando estavamos com 60 metros!!! No intervalo dos reboques alguém lhe havia colocado a selectora de gasolina no depósito vazio. A rotina fê-lo saltar essa parte do checkliste e o motor parou quando tinhamos 60 metros. O piloto rebocador sem qualquer aviso, soltou o cabo e tentou restabelecer o fornecimento de gasolina que acabou por conseguir e eu fiquei a voar com 120km/h e com o cabo pendurado. Contrariando todos as regras pré-estabelecidas (abaixo de 80 metros aterrar em frente com 30º à direita ou esquerda) sem hesitar, aproveitando a velocidade elevada, decidi fazer a "volta da morte". Já com o planador apontado à pista e com alguma certeza de que chegava, pensei no cabo, mas decidi não o soltar (estupido) porque de certeza nunca mais iria encontrá-lo. Libertei o cabo somente na cabeceira da pista.
Mais tarde e a frio, tentei perceber os riscos que corri e;
1- Ao contrário do que se possa pensar, a volta da morte não foi a acção mais perigosa, penso mesmo que não teve rigosamente nada de perigoso, porque estava com velocidade (120km/h) e o Blanik com Flaps entra em perda para aí aos 60Km/h o que permite fazer uma quantidade de manobras e valeu-me também a minha experiência de avião.
2- A acção mais perigosa, foi sem duvida trazer o cabo pendurado até à cabeceira da pista. Na cabeceira da pista a cerca de 200 metros existem cabos de alta tensão, onde o cabo de reboque não ficou agarrado de certeza por milagre. Confesso, que naquela situação em que tudo acontece muito rápido, não me passou pela cabeça, que alguém pudesse levar com ele nos pirolitos. Por outro lado não notei qualquer comportamento diferente no Blanik por levar o cabo pendurado.
A questão posta por ti, num cenário de 300 metros de altura, permite avaliar calmamente a situação e se me acontecesse tal coisa, tentaria largar o cabo num sitio em que pudesse ser recuperado e não corresse o risco de atingir nenhuma criancinha.

Um abraço
Arlindo da Silva
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Re: Cabo não solto/partido do lado do rebocador...

Mensagempor jcomm em 20 Jun 2008, 13:48

Arlindo,

antes de tudo o mais, obrigado pelo convite para voos em Bragança. Esta Páscoa estive tentado a ir, porém, mesmo ainda antes de chegarem
aqui as previsões de mau tempo acabei por desistir porque a disponibilidade era pouca, não podia meter dias de férias e para ir só e vir
num fim-de-semana era um dinheirão... Junte-se a isso mulher e filha mais nova (ainda lá em casa...) que nem podem ouvir falar em qualquer
coisa que tenha asas, voe e não seja ser vivo, e a inércia venceu-me.

Seja como for não está afastada de todo a hipótese de dar aí um salto. Mogadouro, é outro local que me parece interessante. A Covilhã é ainda outro
que estou desejoso de revisitar, embora só lá tenha feito voos durante duas semanas, por volta de 82 (?), de uma das quais me encontrava
de regresso a Lisboa quando ocorreu o fatídico acidente com o Schmidt e o Cobra 15.

O argumento da posta Mirandesa é ainda aquilo a que me posso agarrar para motivar o pessoal lá de casa. O meu sogro é de V. Nova Foz Côa,
e a única vez que visitei Bragança, e o seu aeródromo, foi durante uma viagem a Foz Côa quando decidimos ir experimentar a verdadeira
posta mirandesa!!! :-)

A resposta foi muito útil. Obrigado por teres descrito o teu episódio da Covilhã. É o tipo de situação em que a experiência de anos destas lides
marcou certamente a diferença entre um incidente e um acidente....

Os flaps do Blanik, que tanto trabalho me davam a puxar quando fazia o circuito um tanto mais rápido (às vezes era mesmo obrigado a perder velocidade para os conseguir trazer até ao batente..., bons velhos tempos em que tinha menos de metade do diâmetro de cintura actual....), são certamente uma
vantagem para quando se tem de manobrar perto dos limites.

P.S: O vosso Blanik está em óptimas condições! Parece novinho em folha nas fotos!

Abraço!
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J. C. Monteiro (LPPT)

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Re: Cabo não solto/partido do lado do rebocador...

Mensagempor Arlindo Silva em 23 Jun 2008, 12:14

Bom dia Monteiro

É como dizes. Tenho o mesmo problema em casa. Uma mulher que fica roxa de raiva quando ouve falar de aviões e planadores e uma filha já "envenenada" que lhe vai pelo mesmo caminho. Vale-me como dizes, muitos anos de "experiência". Sinto uma enorme compaixão pelo meu filho mais velho, e por tantos outros pilotos, que não tiveram a felicidade de encontra uma mulher como eu ou não a souberam educá-la desde pequenina.

Este fim-de-semana estivemos de novo em Bragança, com pouco quorum no Sábado, mas mesmo assim voaram-se as máquinas todas. O tempo estava esquesito com térmicas fortes até aos 1500 metros que desparareciam rápidamente e com descendentes assustadoras. Penso que é o tempo peculiar de trevoadas. O Domingo esteve melhor, quer em termo de térmicas até aos 1900 metros e estradas de nuvens, quer em termos de quorum. Aacabamos por largar um aluno da parte da manhã, cujas fotos devem aparecer nos sites do costume.

No próximo fim-de-semana deverá haver apenas actividade no Sábado, mas no futuro e a concretizar-se o cenário que se está a desenhar, deverá haver actividade todos os fins-de-semana de Sexta a Segunda-feira inclusive.

Dado que em Évora não há rebocador e na Covilhâ também não, o Zé Aguiar e Companhia estão a pensar juntar-se a nós em Bragança. Organizando-se poderão devidir a despesa de deslocação.

Nãp posso garantir que tenham as melhores térmicas, mas posso garantir alguns dos melhores locais para comer a famosa "posta mirandesa",

Saudações aeronáuticas
Arlindo Silva
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